Catar 2022 aposta em mobilidade e transformação: país respira a Copa
Legado é uma das principais palavras, e organização garante que torcedores poderão assistir, pelo menos, duas partidas do Mundial no mesmo dia
Por Renato Peters e Rodrigo Cerqueira — Doha e Moscou
A Copa do Mundo do Catar, em 2022, promete surpreender. Será a primeira vez que um país árabe organizará a principal competição de futebol do mundo, com promessa de muita mobilidade e até cidade que, literalmente, deixou de ser um deserto para ganhar prédios modernos e a arena que receberá jogos de abertura e final: Lusail. É uma oportunidade única para o país receber milhares de turistas e fãs do esporte, e de mostrar do que é capaz. A garantia é de entrega de todas as obras, mobilidade e estádios em 2020, dois anos antes do pontapé inicial nos gramados.
Hoje o Catar é um grande canteiro de obras, mas em breve terá oito novas arenas que receberão as seleções no Mundial de 2022. Para transformar e modernizar a mobilidade urbana no país, além de dar conforto aos milhares de torcedores que estarão nas ruas, as obras do metrô andam em ritmo acelerado. Para se ter uma ideia da magnitude do projeto, sete dos oitos estádios terão acesso pelos trilhos. Mas a grande novidade está no objetivo dos cataris: fazer com que o torcedor possa assistir dois ou três jogos no mesmo dia.
Como isso é possível? A Copa do Mundo deixa a Rússia, o maior país do mundo, para ser organizado por um estado que tem território pequeno. Sai de uma área de 17.124,442 de quilômetros quadrados para 11,581 ml quilômetros quadrados. Com apenas cinco sedes, a maior distância entre os estádios será de 55 quilômetros: Al Khor, que fica ao norte, e Al Wakrah, no sul do território.
Hoje o Catar é um grande canteiro de obras, mas em breve terá oito novas arenas que receberão as seleções no Mundial de 2022. Para transformar e modernizar a mobilidade urbana no país, além de dar conforto aos milhares de torcedores que estarão nas ruas, as obras do metrô andam em ritmo acelerado. Para se ter uma ideia da magnitude do projeto, sete dos oitos estádios terão acesso pelos trilhos. Mas a grande novidade está no objetivo dos cataris: fazer com que o torcedor possa assistir dois ou três jogos no mesmo dia.
Como isso é possível? A Copa do Mundo deixa a Rússia, o maior país do mundo, para ser organizado por um estado que tem território pequeno. Sai de uma área de 17.124,442 de quilômetros quadrados para 11,581 ml quilômetros quadrados. Com apenas cinco sedes, a maior distância entre os estádios será de 55 quilômetros: Al Khor, que fica ao norte, e Al Wakrah, no sul do território.
Na expectativa de receber milhares de turistas - no país estimam 500 mil -, os cataris garantem estar preparados para tanta gente de fora num país que tem 2,6 milhões de habitantes. Hotéis estão sendo construídos, cruzeiros serão alocados para servir como hospedagem, e também há um projeto de fazer camps no deserto para os fãs. E o calor? Calma! Entre junho e setembro, tal iniciativa seria impossível, tanto que a Copa passou para os meses de novembro e dezembo em 22.
- A Copa vai trazer muitos visitantes de outros países e terá um grande impacto em nosso turismo. Em nossos planos isso já é previsto. Assim, queremos mostrar a grande estrutura que temos no país para receber tanta gente junta e para que as pessoas voltem depois da Copa para Doha - disse Marshal Esmael Shahbik, diretora de Turismo e Festivais do Ministério do Turismo no Catar.
Mashal Esmael Shahbik é diretora de Turismo e Festivais do Ministério do Turismo no Catar — Foto: Rodrigo Cerqueira
Qatar National Vision 2030
O país parece estar sempre preparado para respostas e dúvidas. Quando questionado sobre os prazos para obras, a resposta é direta. Em 2020, tudo estará pronto. Tudo isso faz parte de um grande projeto do país: Qatar National Vision 2030. Trata-se de um plano de desenvolvimento lançado em 2008, com objetivo de transformar o país até 2030 em uma sociedade totalmente desenvolvida nos campos econômico, social, humano e ambiental. A Copa serviu para adiantar vários trabalhos, como as obras de mobilidade do metrô.
- O Catar tomou o tempo suficiente para fazer o desenvolvimento. Tem muito trabalho para ser feito, mas o tempo é compatível como o tanto que se espera que seja feito. E não vejo grandes problemas em termos de entregas de projetos, até agora os projetos estão em bom andamento - afirmou o brasileiro Giuliano Guize, engenheiro brasileiro que mora há seis anos no país e é projetista no Comitê Organizador.
Se a Copa do Mundo chega ao Catar com uma verdadeira missão de deixar um enorme legado e transformar todo um país e uma sociedade, o desafio é encarado com confiança pelas principais autoridades do país. Para Nasser Al Khater, secretário geral assistente da Copa de 2022, essa é a grande oportunidade para o país:
- Legado é uma palavra abrangente. Desde o início, definimos legado como A nossa visão nacional. A visão 2030 olha o legado de forma econômica, ambiental, social e de capital humano. Olhamos esses quatro pilares e dizemos que queremos que a nossa Copa do Mundo desenvolva pelo menos uma coisa em cada um desses pilares. Economicamente, criamos o programa que ajuda jovens empreendedores, chamado “Challenge 2022”. É sobre desenvolvimento econômico, inovação. Escolhemos 12 vencedores todo ano, ajudamos com fundos, desenvolvendo suas ideias.
Giuliano Guize garante que as obras estão prontas dentro do que foi planejado — Foto: Rodrigo Cerqueira
Nasser Al Khater vai além e também cita a importância dos outros pilares que conduzem o projeto de legado do Catar para a Copa. Também afirma que o país conseguiu oferecer melhores condições de trabalho para os operários, depois de muitas denúncias e acusações de violações de leis trabalhistas:
- No ambiental, estamos trabalhando para fazer da nossa Copa a Copa carbono neutro, então estamos trabalhando com o Ministério do Ambiente, o departamento de eletricidade, a Companhia de Petróleo do Catar. Queremos ter certeza de desenvolver usinas de energia solar para diminuir a emissão de carbono. Socialmente, trabalhamos muito os operários. É um assunto grande com os operários. Criamos muitas leis no Catar graças a Copa do Mundo para melhorar a vida dos operários.
VENDA E CONSUMO DE BEBIDAS
Algumas questões ainda não estão claras no Catar para a Copa do Mundo de 2022. É proibida a venda e o consumo de bebidas alcóolicas nos estabelecimentos locais. Apesar de a cerveja ser um dos produtos mais consumidos durante o Mundial - um dos principais patrocinadores da Fifa é uma marca de cerveja -, os cataris tratam com cautela esse tema. Alguns dizem que não tem como não vender o produto, outros falam em limites de locais para consumo e comercialização.
Fato é que um dos projetos é criar tipos diferentes de fun zones, locais que recebem os torcedores antes, durante e depois dos jogos. Em um desses locais, o consumo de bebidas alcóolicas seria liberado. Em outro, não. Também é provável que alguns pontos da cidade de Doha sejam isolados para os cataris que não querem ter interação com o Mundial. Mas essas questões ainda não estão definidas.
Putin e Infantino passam o bastão da Copa do Mundo para o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani — Foto: EFE / EPA / ALEXEI NIKOLSKY
ESTÁDIOS
Sete estádios foram construídos para a Copa do Mundo do Catar, apenas um foi reformado: O Khalifa, que é justamente o que já está pronto e tem capacidade para 40 mil pessoas. Durante o Mundial da Rússia, foi palco de uma fun zone para já deixar os fãs com o gostinho e o clima da competição.
No quesito estádios, o único que permanecerá com a mesma capacidade da Copa é o Khalifa. Os outros terão redução após o Mundial, e o Ras Abu Aboud, que será feito com uma estrutura de container, será todo desmontado. Suas peças serão enviadas até para outros países, uma forma que o Catar encontrou para contribuir com o desenvolvimento social e esportivo.
Veja o cronograma de entregas dos estádios:
- Khalifa Stadium: pronto
Maquete mostra o Khalifa Stadium, que já está pronto — Foto: Rodrigo Cerqueira
- Lusail: pronto em 2020 (palco da abertura e da final)
- Al Rayyan: pronto em 2019
- Al Bayt: pronto em 2018
- Al Wakrah: pronto em 2018
- Education Stadium: pronto em 2019
- Al Thumana: pronto em 2020
- Ras Abu Aboud: pronto em 2020
Maquete do estádio Ras Abu Aboud — Foto: Rodrigo Cerqueira
FONTE: https://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/catar-2022-aposta-em-mobilidade-e-transformacao-pais-respira-a-copa.ghtml